domingo, 24 de junho de 2012

ALMA NOITE DE SÃO JOÃO


Abro as janelas de mim mesma

Olho bem longe, longe da casa e tão perto, será de mim
Esta lembrança, sou 
Eu quem encontro nesta noite tão minha, alma
Da cor da noite, azul profundo
Luzes girando ao redor de uma varinha de onde saltam pequeninas estrelas
Parecem sair das minhas mãos, que não vejo, 
Vejo o céu da noite de São João
Quando as estrelas desenham caminhos, tantos caminhos 
Iluminando a escuridão, e no desconhecido vão insinuando direções 
Refletidas nas bandeirinhas, elas as estrelas coloridas estão penduradas
Em fios que sei; tecem a longa trama dos meus pensamentos
E de um canto a outro, marcam um encontro, um sentimento que dança, na roda
Onde levemente, se tocam as mãos
No ritmo sanfonado soam em torno da luz, marcadas lembranças 
Lembranças que me tocam e, depois, soltam-se de mim 
Entram na dança e se transformam em mudanças
Enquanto o fogo, também dança
Contemplo o fogo em silêncio, hoje há luz
Canto uma oração, com todo amor salta do meu coração
Vejo que ela sobe e se espalha na fumaça branca sobe até o céu escuro azul
E fica um gosto meu, e brinca de ser quentão, imitando o fogo
Capto aromas de madeira e doces de milho aipim canela e amendoim,
E outros gostos, são aqueles apimentados de mim
Vou descobrindo mais e mais nesse encontro de alma
Uma ousadia criança, que acende lanternas e, enfeita o próximo balão a subir
Sem medo ou censura, o balão levará desejos, pra bem longe, até, enfim
Atrevida miro-me, ensaio um alvo, e me atiro 
Rio do que ouço 
Um som de latas derrubadas
Estou brincando esta noite, brinco comigo
Não sinto o frio, sigo
Pescando sonhos, por mim
Alma noite de São João


                                                      MySal

4 comentários:

  1. Gosto quando leio e vivo. Isso acontece comigo em seus poemas. Bjs e obrigada.

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  2. Lindo!
    Levou-me às lembranças do passado, quando era menino de calça curta.
    Lembrou-me, também, o cheiro da lenha da fogueira, a sua luz amarela e a fumaça que subia rapidamente para o céu levando faíscas brilhantes, luminosas, como velas sutis saudando o querido Santo.
    A música caipira incessante, alegre, brincalhona, libertava a criança em cada um, convidando à dança no grande terreiro, iluminado por dezenas de gambiarras e enfeitadas por bandeirinhas multicoloridas.
    A batata doce, o melado, a cocada, o pé de moleque, o cuscuz, a groselha, o quentão, o bolo de fubá, o amendoim torradinho, a paçoca e o pudim de pão, eram as iguarias de São João que enfeitavam as mesas espalhadas pelo festivo quintal.
    Gritaria, risos, gargalhadas, espocar de fogos de artifício, dança desengonçada e fantasiada imitando o pobre sertanejo, que, sem saber, era o rei da festa.
    Viva Santo Antônio, São João e São Pedro! Viva os Santos queridos da nossa indescritível infância que sempre nos brindaram com o carinho da sua terna lembrança.
    Mario

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  3. Haydée V.Lemos papiro10@ig.com.br
    25 jun (10 dias atrás)


    Linda querida...
    bons dias!
    com carinho e
    com Deus!
    Haydee

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  4. Eneida de Oliveira eneidadeoliveirasantos@gmail.com
    24 jun (11 dias atrás)

    Querida Myriam,
    Sua sensibilidade e leveza de sentimentos são envolventes!
    Permitiu que eu participasse dessa linda noite de São João!
    Beijos,
    Eneida

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