sábado, 3 de janeiro de 2015

Viajo meu mundo
Repleta de interjeições
Diante de marés, mares
Só encontro pistas e teses
Sobre a arte como um sentido
Sem mapa
Em mim mesma

Um tesouro guardado
                                        MySal

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Perdoa
Nem sempre fui poeta
Por encanto ou desencanto
Chorei,
E chorando não pude ver
O amor
Entre chegadas e despedidas

                                  MySal

segunda-feira, 30 de junho de 2014

ALMA NOITE DE SÃO JOÃO



 Abro as janelas de mim mesma

 Olho bem longe, longe da casa e tão perto, será de mim
 Esta lembrança, sou 
 Eu quem encontro nesta noite tão minha, alma
 Da cor da noite, azul profundo
 Luzes girando ao redor de uma varinha de onde saltam pequeninas estrelas
 Parecem sair das minhas mãos, que não vejo, 
 Vejo o céu da noite de São João
 Quando as estrelas desenham caminhos, tantos caminhos 
 Iluminando a escuridão, e no desconhecido vão insinuando direções 
 Refletidas nas bandeirinhas, elas as estrelas coloridas estão penduradas
 Em fios que sei; tecem a longa trama dos meus pensamentos
 E de um canto a outro, marcam um encontro, um sentimento que dança, na roda
 Onde levemente, se tocam as mãos
 No ritmo sanfonado soam em torno da luz, marcadas lembranças 
 Lembranças que me tocam e, depois, soltam-se de mim 
 Entram na dança e se transformam em mudanças
 Enquanto o fogo, também dança
 Contemplo o fogo em silêncio, hoje há luz
 Canto uma oração, com todo amor salta do meu coração
 Vejo que ela sobe e se espalha na fumaça branca sobe até o céu escuro azul
 E fica um gosto meu, e brinca de ser quentão, imitando o fogo
 Capto aromas de madeira e doces de milho aipim canela e amendoim,
 E outros gostos, são aqueles apimentados de mim
 Vou descobrindo mais e mais nesse encontro de alma
 Uma ousadia criança, que acende lanternas e, enfeita o próximo balão a subir
 Sem medo ou censura, o balão levará desejos, pra bem longe, até, enfim
 Atrevida miro-me, ensaio um alvo, e me atiro 
 Rio do que ouço 
 Um som de latas derrubadas
 Estou brincando esta noite, brinco comigo
 Não sinto o frio, sigo
 Pescando sonhos, por mim
 Alma noite de São João

terça-feira, 3 de junho de 2014

JADE



Mil bênçãos haverá para este instante
Onde rezar não é preciso,
O momento é em si a oração.

Um misterioso sonho de ser
De olhar sereno, mira; ao longe e ao alto, azul
A Pedra Verde, luz
Enquanto nós, diante dela
Elevamos os pensamentos
Para além de nossos medos e fugazes desejos,
Como flores, folhas e frutos imaturos  
Anoitecidos sob o céu estrelado.
Seguiremos...

Comemorando seu nascimento
Botões de pequeninas rosas e orquídeas
Brancas flores, trombetas de anjo,
Despertaram ao redor,
E, em absoluto silêncio anunciaram
A força, a coragem e tanta delicadeza
Seguiremos...

Encantados sob o poder da natureza
Vida, Amor, Morte
Esperam como nós, as pedras, as flores, folhas e frutos
Encontros e ciclos mágicos, em transformação
Seguiremos...

Sob a luz da pequena Pedra Verde
Reluzem encantos, imagens, ideias, traços; caminhos
Unidos nos sentimos
Entregues, em contemplação
Seguiremos...
                                MySal
  

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Lembrança

No seu beijo um poema
Do seu abraço forte o acolhimento da longa espera
O seu carinho, um mantra em espiral
Como um farol de olhar atento, a tudo envolvia
E o corpo, de prazer se entregava 
Leve a alma, ao voar
Do seu coração o sopro música que assoviava no vento
Moviam-se as folhas que dançavam traços delicados
E enchia-se o ar de sândalo e paz em copos de leite

A dádiva do amor desperta os sentidos
No tempo, o mistério de passados em presente
                                                              MySal

Tocar no Ar

Pesam-me as folhas de tantas histórias
Que escrevi no corpo e encadernei em forte capa de couro
Com títulos esculpidos em liga de latão, com cobre e zinco
Em símbolos que apontaram longas experiências e caminhos
Caminhos percorridos, perdidos na lembrança e outros que, correria outra e outra vez
Preciso reler o livro somente através deles, os símbolos
Soltar as folhas, a capa de couro e desprender a forma
Já não me ocorrem novos títulos
Talvez baste aperfeiçoar o traço, a liga agora em cobre e estanho
Quem sabe, o bronze ultrapasse o couro e liberte os símbolos
E possa entrelaçá-los, cuidadosamente a pendular

Até sentir o meu som ao vento, como sino tocar no ar
                                                                                 MySal

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

A FORMA - no TEMPO

Andar e andar...
Conjugando verbos,
Assumir atitudes, agir
Amar, plantar, criar
Entre o desejar e o necessitar
Imaginando
Esculpir
Explorando os símbolos
Desenhando as palavras
Cantando imagens
Caminhar
Sorrir de encontrar
Conversando devagar
Olhar  e nem sempre ver
Iludir-se
Buscar a verdade
Moldando impressões
Sensíveis e espirituais
Silenciar e ouvir
Sentir a forma
E seguir
Devagar
Desenhar uma história
No tempo

                             MySal

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Vagas do Olhar

                   
        Abrindo, lentamente os olhos, mirei surpresa
      O deserto sem fim
      Não havia a linha fria do horizonte
      Somente curvas insinuadas sob o azul profundo
      Quem sabe tocaria o céu ali, tão perto
      Estiquei o pescoço, como se pudesse beijá-lo
      Diante logo acima, sorria um fio de luz
      Hipnotizada sorria também eu de mim mesma
      Seguia os desenhos salpicados de prata
      Contornava o traço, em conchas luminosas
      Acolhia a esperança, acalentava a noite interminável
      O corpo e o coração seguiam, ritmados  
      Distâncias, sutis e fugidias
      Caminhos vagos do meu olhar
                                              MySal

ALQUIMIA

                   
            Mercúrio:

          Eu cerva obediente, transgredi e o libertei do frasco,
          Atitude, alquimicamente incorreta, tratando-se de um espírito tão turbulento.
          Diluí tuas incontáveis e fugidias cíclicas partículas,
          E o assimilei, reconhecendo o bom e mal do teu ardor.
          Agora, o seguirei como a um deus dos bosques.

          Envolvendo-me o colo, o pescoço...
          Tal e qual, eu e o recipiente alquímico,
          Sentindo o preciso e delicado tato
          Ri do meu pecado, o acolhimento adorável
          O alquimista enfim,
          Observará o processo
          Em minha subjetividade.          
                                               MySal
                 
               Aquecida de dentro até a superfície da pele
               O fluido brilhante do fogo líquido, mercúrio
               Torna-me rósea, à flor da pele
               Um calor arrepiante salta fugindo da escuridão,
               Incêndio luminoso,
               Os olhos se fecham
               De dentro para fora, estranha febre
               Desperto em sôfrega respiração
               De fogo, no ar, ou será no corpo
               E tão logo se acalma o movimento,
               Revelo-me  
               À luz serena
               Plena 
               Alquimia
                               MySal

quarta-feira, 24 de julho de 2013

NOITE SILENCIOSA

Gosto de lembrar
Quando eu contemplava
Longa e calmamente,
A ideia do teu ser
Enquanto dormias
Presente efêmero!
Sentia envolvente a sensação
De ti tão próximo do meu ser
Vivia profundamente feliz
O sonho, acordada.
                           
                                     MySal


quarta-feira, 5 de junho de 2013

OUTONO


Agora
Há um rosto frio escondido nas mãos
Enquanto o sol, ousado penetra a neblina
E revela mais de mim, a mim mesma
E assim, bem devagar
Vai desfazendo o gesto frio  

Antes
Do sol, em raios, cortar a névoa
Eu, ainda sonhava
Quando amei, quanto amei!
Um grande amor,
Não há de ser desvalido,
De intensos desejos na noite
Escondidos
Tendo sido sonhado ou vivido, não importa.
Ao amanhecer, todo amor,
Parece diluído, é lembrança ou será a neblina
Ao amor
Não cabe um fim, nem mesmo virtuoso
Ele será sempre o fluido, a neblina,
E de alguma forma no outono, também fluirá
E quando passar por mim; perdoarei à minha felicidade
E perdoarei também à minha tristeza
E pra além do céu lilás imponente, ele
Brilhará como o sol de outono,

Depois
Caminharei uma pouco mais naquela estrada
Ali, onde às dúvidas como à neblina me acompanhavam
Tudo se desmanchará
Ainda que, eu deseje então, mais desse frescor, de orvalho
Ao amanhecer
O sol virá clareando, aquecendo sem pressa
Penetrando a neblina, realçando as cores, das folhas e flores
E a vida seguirá vibrando,
Nos caminhos, na montanha onde moram
Os sonhos altos que se despencam do céu profundo, lilás
À realidade, à pedra barro,
E ficam por ali, um tempo aquecidos, envolvidos no verde manto

Sempre
A névoa retorna e se desfaz enquanto, despontam às manhãs
É preciso seguir caminhando, bem devagar descobrindo ainda
A alma de outono.


                                                              MySal

...na ESTAÇÃO


Que dia é hoje?
Segunda prá começar,
Ou só prá continuar...
Vê lá, se é sexta, se cuida!
Pode ser fim de semana
Então, melhor plantar um desejo:
Na terra, dá flor.
Sei não...
É só um dia.
Tem um trem quieto, parado na Estação.

Que dia é?
É um dia e, só...
Sem toque, sem sino, silêncio de chuva no mato
Destino - deve ser o nome da Estação...
Que sina...
Sinal, a contemplação.

Que dia?
Esse trem na Estação...
Viaja a imaginação;
Na terra, no ar, na chuva
No caminho do trem...
Saudade - é o nome dessa Estação

O quê?
Nem sei...
Deve ser a parada do trem,
Sem Maria, nem fumaça,
Sem balada
Noite e dia silencioso prazer.
Amanhã o trem segue o caminho...
E passa...  passa...
Promessa - é o nome dessa Estação.
                                                   MySal


sábado, 6 de abril de 2013

Bruma...


Tudo que me atrai agora é sutil
Tudo que me instiga conhecer agora é sutil
Tudo que me apraz contemplar agora é sutil
Tudo que me envolve agora é sutil
Como é sutil o encontro
Da bruma que envolve a pedra e o mar

                                               MySal

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

TALENTO



Não apresses o talento das asas do vento!

Voam os pássaros no céu, voam
Ouço-lhes o canto,
E contemplo o vento
Movendo o que era imobilidade,
Em voltas, trás e leva; a neblina, a chuva e ainda
O frio, a folha...
Passará
Não importa o bem- estar, o gozo, a satisfação a dor,
Nem mesmo a alegria ou a opressão que arrepia...
Também passará
Firmo então a obediência que ensaia
Um alçar mais, ao profundo, ao âmago
Ou mergulhar ao mais íntimo segredo da caverna, onde nasce o sopro
Há de estar ali à lei que move,
O si- mesmo
Com o talento, das asas do vento
Suportarei a adequação e também a inadequação
O vento amenizará o suor do eterno aprender
Até o voo das asas do si- mesmo, só e absoluto
Como essência, livre, voar fluindo no ar
O vento!

Mas, se ainda te digo das asas do vento é por que ainda desejo
Este talento seu.
Passará...

                          MySal

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

TEMPO GREGO

Andei e andei...Conjugando verbos,
Gerando atos, atitudes
Amar, plantar, criar
Entre o desejar e o necessitar
Seguindo
Imaginando
Dialogar
Esculpindo palavras 
Explorando os símbolos 
Cantando as imagens
Caminhando
Sorrindo de encontrar
Conversando devagar
Olhar sem tudo ver
Iludindo-me com verdades
Moldei novas impressões 
Sensíveis e espirituais
Silenciando
Ouço a forma de seguir
Devagar
Vou desenhando
Uma história
No tempo 

                       MySal

domingo, 25 de novembro de 2012

ESTAÇÃO


Que dia é hoje?
Segunda pra começar,
Ou só pra continuar...
Vê lá, se é sexta, se cuida!
Pode ser fim de semana
Então, melhor plantar um desejo
Na terra, lá sempre dá flor.
Sei não..É só um dia.

Tem um trem quieto, parado na Estação.

Que dia é?
É um dia e, só...
Sem toque, sem sino, silêncio de chuva no mato
Destino - deve ser o nome da Estação...
Que sina...
Sinal de contemplação.

Que dia!
Esse trem na Estação...
Viaja a imaginação;
Na terra, no ar, na chuva
No caminho do trem...
Saudade - é o nome dessa Estação

O quê?
Nem sei...
Deve ser a parada do trem,
Sem Maria, nem fumaça,
Sem balada
Noite e dia silencioso prazer.
Amanhã o trem segue o caminho...
E passa...  passa...
Promessa - é o nome dessa Estação.
                                                   
                                                            MySal


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

FALANDO DO AMOR - Parte 4


Um espiral de luz
Estrelas coloridas e sonoras
Elevam-nos até onde os sentidos tocam
O espaço...
Onde o novo, pulsa e cria
A possibilidade, o sentido
O Tempo...
Inspirando-nos a seguir
Recriando incontáveis
Formas de sentir
Em prosas e versos
Falando Do Amor

                                              MySal