quarta-feira, 5 de junho de 2013

OUTONO


Agora
Há um rosto frio escondido nas mãos
Enquanto o sol, ousado penetra a neblina
E revela mais de mim, a mim mesma
E assim, bem devagar
Vai desfazendo o gesto frio  

Antes
Do sol, em raios, cortar a névoa
Eu, ainda sonhava
Quando amei, quanto amei!
Um grande amor,
Não há de ser desvalido,
De intensos desejos na noite
Escondidos
Tendo sido sonhado ou vivido, não importa.
Ao amanhecer, todo amor,
Parece diluído, é lembrança ou será a neblina
Ao amor
Não cabe um fim, nem mesmo virtuoso
Ele será sempre o fluido, a neblina,
E de alguma forma no outono, também fluirá
E quando passar por mim; perdoarei à minha felicidade
E perdoarei também à minha tristeza
E pra além do céu lilás imponente, ele
Brilhará como o sol de outono,

Depois
Caminharei uma pouco mais naquela estrada
Ali, onde às dúvidas como à neblina me acompanhavam
Tudo se desmanchará
Ainda que, eu deseje então, mais desse frescor, de orvalho
Ao amanhecer
O sol virá clareando, aquecendo sem pressa
Penetrando a neblina, realçando as cores, das folhas e flores
E a vida seguirá vibrando,
Nos caminhos, na montanha onde moram
Os sonhos altos que se despencam do céu profundo, lilás
À realidade, à pedra barro,
E ficam por ali, um tempo aquecidos, envolvidos no verde manto

Sempre
A névoa retorna e se desfaz enquanto, despontam às manhãs
É preciso seguir caminhando, bem devagar descobrindo ainda
A alma de outono.


                                                              MySal

2 comentários:

  1. Alma de outono descoberta...
    Aconteceu identidade aqui.
    Outono merece um livro!
    Beijo.

    ResponderExcluir
  2. Sempre que é outono, penso; vou escrever, quem sabe no próximo,um livro. Lembrarei de suas palavras! Um beijo e obrigada pelo incentivo poético!

    ResponderExcluir